quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

A SINGULARIDADE DO SABER SOCIOLÓGICO

Aplicando um aforismo linguístico, a Sociologia é peremptoriamente uma ciência social que se debruça ao estudo da realidade social, da sociedade e etc como quiserem; Sobre este aspecto reina um consenso geral de todos os interessados por este saber independemente do prisma ou paradigma por que se opta para fazer a leitura dos fenómenos; Quer empregando uma lente de um paradigma positivista cujo fundamento se alicerça na formulação de leis para medir e prever os fenómenos; Quer sob uma lente de um paradigma de explicação essencialmente compreensivo e interpretativo que apregoa como eixo da sua fundamentação a hitoricidade dos fenómenos sociais e o seu carácter qualitativo. Todos os ângulos de abordagem conservam em comum o elemento sociológico da realidade social.
Esta é a minha principal e irrecusável premissa argumentativa para esta brevissíma ladainha que procura acima de tudo fazer o diálogo sobre a desmistificação da singularidade do Saber Sociológico.
Enquanto a esmagadora maioria das Ciências Sociais e Exactas se pauta por uma autoconstituição científica com a preocupação central de fazer, formular e produzir teorias, postulados, axiomas e etc com uma aplicabilidade universal. Por exemplo, uma destas áreas de saber pode atrever-se a postular categoricamente que todo o ser humano que tiver cabelos loiros é de raça branca e desta maneira pretender convencer-nos da factibilidade desta acepção em qualquer contexto antroposociológico. Enfim, remeto isto para a reflexão de cada um e nós.
A Sociologia é por excelência uma ciência insolente, irrequieta e inconformada. Não se contenta por tudo e nada. Procede abruptamente numa lógica contrária da precedente. Ela busca a sua autoafirmação cientifica desfazendo, esmiuçando e expurgando cosmovisões, constelações de ideias, pré-conceitos, obsessões, formas e valores de estar, ser e agir. Quer dizer, contrariamente às anteriores ciências que se fazem construindo lógicas, esta envereda pelo desfazer e descontruir das mesmas. É esta mesmo por incrível e trivial que pareça a vocação da Sociologia, ela desbrava e conjectura incansavelmente acerca de tudo que se nos dá por certo, absoluto e inquestionável. Mais do que isso, ela relativiza e conhece as especificidades antroposociológicas do seu objecto de estudo. Dai que, na situação anterior se pautaria por levantar a questão da racionalidade do postulado em torno dos cabelos loiros para elucidar a precariedade ou razoabilidade de tal asserção. A Sociologia rege-se pelo princípio da desconfiança construtiva interrogando-se sempre e sempre por tudo e nada. Onde as outras ciências encontram uma certeza ela decifra um objecto de estudo e de análise. E é precisamente esta a sua inconfundível virtude.
Baseados na explanação precedente é possível apreender e visualizar o carácter singular do Saber Sociológico enquanto uma área científica que se funda primariamente no questionamento e indagação permanente e criteriosa do infalível e inquebrantável. Aqui e sim, se encontra a génese de qualquer que seja problema sociológico.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

UM EXEMPLO PARADIGMÁTICO DE CIDADANIA

Esta é sim e de facto a postura que um munícipe que se preze como tal deve assumir. A cultura de uma cidadania proactiva e participativa na vida diária da sua comunidade de residência e a consequente perda do mau feitio de sempre e sempre reclamar e apontar o dedo em riste ao edil e a sua máquina por tudo e nada. Conforme veicula um comunicado do jornal Notícias, um grupo de empresários que comporta proprietários de pequenas, médias e grandes empresas do Bairro da Malhangalene arregaçou as mangas e resolveu assumir uma conduta interventiva criando mecanismos capazes de flexibilizar as solicitações feitas pelos empresários às respectivas estruturas centrais, para as quais individualmente têm sido de difícil solução, bem como, buscando resolver pequenos e sérios problemas que apoquentam a esta zona residencial nomeadamente: os problemas de saneamento, poluição sonora, entre outras questões prementes.
A concretizar-se esta iniciativa, fê-lo muito bem e exemplarmente este grupo de empresários. É de louvar esta forma de abordar o desenvolvimento sócio-económico das urbes alicerçada no exercicio activo e decisivo da cidadania. Acima de tudo, deve servir de exemplo de modelo de se estar e ser em cidades a ser replicado e adoptado por todos os munícipes que aspirem habitar em cidades com um ambiente são, saudável e harmonioso.

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

MAIS UMA!

O Presidente da República não se fez esperar e operou mais uma movimentação na sua máquina governativa. Uma vez mais e em menos de 1 ano (de Fevereiro último a esta parte) toca no sector da Agricultura nomeando para ministro Soares Nhaca até então Vice-Ministro do Trabalho e, por conseguinte, exonera o respectivo ministro Isaías Muhate indigitado para o cargo em Fevereiro do ano corrente na sequência da exoneração do seu antecessor Tomás Mandlante. Ora este ciclo de movimentações tendentes a cirúrgicas e em pouco tempo transparecem claramente a preocupação e aflição de S.E.xcia o PR com o desempenho deste sector, é no minímo essa a nossa expectativa. Lamentavelmente as razões e motivações destas operações por imperativos éticos, morais e de segredo de estado não são do domínio público. Vamos vendo e assistindo impavidamente às mudanças de timoneiros deste por aquele passando-se de um ritmo para outro. Contudo, a grande questão fica sempre em aberto, terão estas operações tido em conta as expectativas e anseios do povo moçambicano que é por excelência camponês? Qual é o factor primordial que estará no âmago destas mudanças de ministros deste por aquele e daquele por outro? Serão os maus resultados apresentados pelo sector? Ou um problema de fraca liderança e pura incompetência? Ou ainda descaradamente uma questão de gerência de clubes de amizades e clientelismos? Enfim, é como podem aferir um cenário sombrio que sujeita-nos a uma dubiedade e especulações na busca de compreensão sobre o porque destas operações sui generis no sector da Agricultura que aliás assim feitas representariam um sugestivo objecto de estudo para as Ciências Sociais. Na minha óptica as decisões desta natureza por S.E.xcia o PR devem estar fundamentadas e argumentadas por um apurado e minucioso diagnóstico sobre a situação geral do sector agrícola e, sobretudo, reflectir o sentimento e a vontade geral do camponês face a actual conjuntura da Agricultura. Desta forma, estaria meritoriamente de parabéns o PR na medida em que se revelaria um líder atento e meticuloso acompanhando rigorosamente o desempenho da sua máquina governativa tendo como telos a satisfação das preocupacões básicas e prementes deste povo essencialmente camponês.
Faço votos de um bom trabalho ao novo timoneiro! Que sejam os principais eixos e directivas da sua acção governativa: O incremento da capacidade produtiva do País através da mecanização gradual e sustentada do sistema agrícola; A auto-suficiência alimentar das famílias complementada por uma concepção apurada e gradativa de um sector agrícola vocacionado para a área comercial e por fim; A modelação e concepção de um sistema agricola produtivo com uma filosofia consentânea para as nossas especificidades agro-ecológicas, geográficas, económicas, demográficas e etc.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

ALUSÃO À II CIMEIRA UE/ÁFRICA

Foi consumada satisfatoriamente a tão almejada II Cimeira UE/África em Lisboa entre 07 e 09 de Dezembro do ano em curso. Um evento caracterizado em geral pelos exuberantes sinais de ostentação e apoteose material e financeira cujos expoentes máximos foram as caravanas e caravanas de automóveis luxuosos, hóteis de sonhos, jantares e manjares de refinadissímo requinte visual, olfactivo e de paladar, etc. Enfim, mesmo a corroborar a destreza e vocação perdulária das nossas elites políticas e governativas que de forma impudica, insultuosa e pueril despendem milhares e milhares de valores pecuniários que bem serviriam para planos e acções concretas de desenvolvimento, ajuda sócio-humanitária de gente drasticamente carenciada que comporta a morfologia social dos povos africanos. Imaginem quanto dinheiro deve ter sido esbanjado por este clube de amigos, comadres e compadres, afilhados e padrinhos estadistas? Neste reencontro entre patrícios e plebeus ou ainda entre patrões e empregados? Foi uma cimeira tipificada por um excepcional nível de exibicionismo material e financeiro tendo como principais protagonistas os líderes africanos e europeus.
A midia internacional qualificou a efeméride como tendo sido histórica na medida em que marcou uma nova era de cooperação bi-continental entre a África e a Europa em todas as esferas cruciais das acções de desenvolvimento sócio-económico. Foi extraordinário perceber como o paradigma da Igualdade e o principio do Respeito Mútuo dominaram a condução das sessões de trabalho deste evento o que pressagia um elevado sentido de cometimento no aprimoramento e consolidação das relações bilaterais e multilaterias entre os continentes.
Igualmente encorajou-nos a ênfase que foi dada aos tópicos da Boa Governação e os Direitos Humanos. Ficou, de igual modo, registada a capacidade que os coordenadores e hospedeiros da cimeira demonstraram ao conseguirem evitar que o evento não fosse polarizado por agendas específicas de um e de outro país mas, pelo contrário, primando com determinação e compromisso pela focalização de questões macro e globais que estão na ordem do dia do quadro das relações sócio-económicas entre estes.
O nosso augúrio final é que tudo quanto foi passado à letra: os acordos, protocolos e a declaração firmados neste evento sejam de facto traduzidos em acções concretas quer em planos quer em projectos visíveis de desenvolvimento social, político, cultural e económico de parte a parte baseados nos principios de autodeterminção sócio-económica, justiça social e uma cada vez maior e melhor redistribuição das riquezas humanas e naturais.
Assim sim, creiam as nossas lideranças que vão poder sem dúvidas justificar as ajudas de custos- "per diems" de condes e nobres que esbanjaram em Lisboa e nós também deste lado de tanto satisfeitos professaremos a nossa sábia cultura de silêncio, mas antes, "Surg et ambula África" e muito trabalho.