segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

ALUSÃO À II CIMEIRA UE/ÁFRICA

Foi consumada satisfatoriamente a tão almejada II Cimeira UE/África em Lisboa entre 07 e 09 de Dezembro do ano em curso. Um evento caracterizado em geral pelos exuberantes sinais de ostentação e apoteose material e financeira cujos expoentes máximos foram as caravanas e caravanas de automóveis luxuosos, hóteis de sonhos, jantares e manjares de refinadissímo requinte visual, olfactivo e de paladar, etc. Enfim, mesmo a corroborar a destreza e vocação perdulária das nossas elites políticas e governativas que de forma impudica, insultuosa e pueril despendem milhares e milhares de valores pecuniários que bem serviriam para planos e acções concretas de desenvolvimento, ajuda sócio-humanitária de gente drasticamente carenciada que comporta a morfologia social dos povos africanos. Imaginem quanto dinheiro deve ter sido esbanjado por este clube de amigos, comadres e compadres, afilhados e padrinhos estadistas? Neste reencontro entre patrícios e plebeus ou ainda entre patrões e empregados? Foi uma cimeira tipificada por um excepcional nível de exibicionismo material e financeiro tendo como principais protagonistas os líderes africanos e europeus.
A midia internacional qualificou a efeméride como tendo sido histórica na medida em que marcou uma nova era de cooperação bi-continental entre a África e a Europa em todas as esferas cruciais das acções de desenvolvimento sócio-económico. Foi extraordinário perceber como o paradigma da Igualdade e o principio do Respeito Mútuo dominaram a condução das sessões de trabalho deste evento o que pressagia um elevado sentido de cometimento no aprimoramento e consolidação das relações bilaterais e multilaterias entre os continentes.
Igualmente encorajou-nos a ênfase que foi dada aos tópicos da Boa Governação e os Direitos Humanos. Ficou, de igual modo, registada a capacidade que os coordenadores e hospedeiros da cimeira demonstraram ao conseguirem evitar que o evento não fosse polarizado por agendas específicas de um e de outro país mas, pelo contrário, primando com determinação e compromisso pela focalização de questões macro e globais que estão na ordem do dia do quadro das relações sócio-económicas entre estes.
O nosso augúrio final é que tudo quanto foi passado à letra: os acordos, protocolos e a declaração firmados neste evento sejam de facto traduzidos em acções concretas quer em planos quer em projectos visíveis de desenvolvimento social, político, cultural e económico de parte a parte baseados nos principios de autodeterminção sócio-económica, justiça social e uma cada vez maior e melhor redistribuição das riquezas humanas e naturais.
Assim sim, creiam as nossas lideranças que vão poder sem dúvidas justificar as ajudas de custos- "per diems" de condes e nobres que esbanjaram em Lisboa e nós também deste lado de tanto satisfeitos professaremos a nossa sábia cultura de silêncio, mas antes, "Surg et ambula África" e muito trabalho.

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