quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

FELICITAÇÃO

O Socioblogosferando o Quotidiano quer com maior apreço e carinho endereçar ao seu eleitorado, os seus sinceros votos de que tenham uma divina época natalícia e um próspero 2008.
FESTAS FELIZES!

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

A SINGULARIDADE DO SABER SOCIOLÓGICO

Aplicando um aforismo linguístico, a Sociologia é peremptoriamente uma ciência social que se debruça ao estudo da realidade social, da sociedade e etc como quiserem; Sobre este aspecto reina um consenso geral de todos os interessados por este saber independemente do prisma ou paradigma por que se opta para fazer a leitura dos fenómenos; Quer empregando uma lente de um paradigma positivista cujo fundamento se alicerça na formulação de leis para medir e prever os fenómenos; Quer sob uma lente de um paradigma de explicação essencialmente compreensivo e interpretativo que apregoa como eixo da sua fundamentação a hitoricidade dos fenómenos sociais e o seu carácter qualitativo. Todos os ângulos de abordagem conservam em comum o elemento sociológico da realidade social.
Esta é a minha principal e irrecusável premissa argumentativa para esta brevissíma ladainha que procura acima de tudo fazer o diálogo sobre a desmistificação da singularidade do Saber Sociológico.
Enquanto a esmagadora maioria das Ciências Sociais e Exactas se pauta por uma autoconstituição científica com a preocupação central de fazer, formular e produzir teorias, postulados, axiomas e etc com uma aplicabilidade universal. Por exemplo, uma destas áreas de saber pode atrever-se a postular categoricamente que todo o ser humano que tiver cabelos loiros é de raça branca e desta maneira pretender convencer-nos da factibilidade desta acepção em qualquer contexto antroposociológico. Enfim, remeto isto para a reflexão de cada um e nós.
A Sociologia é por excelência uma ciência insolente, irrequieta e inconformada. Não se contenta por tudo e nada. Procede abruptamente numa lógica contrária da precedente. Ela busca a sua autoafirmação cientifica desfazendo, esmiuçando e expurgando cosmovisões, constelações de ideias, pré-conceitos, obsessões, formas e valores de estar, ser e agir. Quer dizer, contrariamente às anteriores ciências que se fazem construindo lógicas, esta envereda pelo desfazer e descontruir das mesmas. É esta mesmo por incrível e trivial que pareça a vocação da Sociologia, ela desbrava e conjectura incansavelmente acerca de tudo que se nos dá por certo, absoluto e inquestionável. Mais do que isso, ela relativiza e conhece as especificidades antroposociológicas do seu objecto de estudo. Dai que, na situação anterior se pautaria por levantar a questão da racionalidade do postulado em torno dos cabelos loiros para elucidar a precariedade ou razoabilidade de tal asserção. A Sociologia rege-se pelo princípio da desconfiança construtiva interrogando-se sempre e sempre por tudo e nada. Onde as outras ciências encontram uma certeza ela decifra um objecto de estudo e de análise. E é precisamente esta a sua inconfundível virtude.
Baseados na explanação precedente é possível apreender e visualizar o carácter singular do Saber Sociológico enquanto uma área científica que se funda primariamente no questionamento e indagação permanente e criteriosa do infalível e inquebrantável. Aqui e sim, se encontra a génese de qualquer que seja problema sociológico.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

UM EXEMPLO PARADIGMÁTICO DE CIDADANIA

Esta é sim e de facto a postura que um munícipe que se preze como tal deve assumir. A cultura de uma cidadania proactiva e participativa na vida diária da sua comunidade de residência e a consequente perda do mau feitio de sempre e sempre reclamar e apontar o dedo em riste ao edil e a sua máquina por tudo e nada. Conforme veicula um comunicado do jornal Notícias, um grupo de empresários que comporta proprietários de pequenas, médias e grandes empresas do Bairro da Malhangalene arregaçou as mangas e resolveu assumir uma conduta interventiva criando mecanismos capazes de flexibilizar as solicitações feitas pelos empresários às respectivas estruturas centrais, para as quais individualmente têm sido de difícil solução, bem como, buscando resolver pequenos e sérios problemas que apoquentam a esta zona residencial nomeadamente: os problemas de saneamento, poluição sonora, entre outras questões prementes.
A concretizar-se esta iniciativa, fê-lo muito bem e exemplarmente este grupo de empresários. É de louvar esta forma de abordar o desenvolvimento sócio-económico das urbes alicerçada no exercicio activo e decisivo da cidadania. Acima de tudo, deve servir de exemplo de modelo de se estar e ser em cidades a ser replicado e adoptado por todos os munícipes que aspirem habitar em cidades com um ambiente são, saudável e harmonioso.

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

MAIS UMA!

O Presidente da República não se fez esperar e operou mais uma movimentação na sua máquina governativa. Uma vez mais e em menos de 1 ano (de Fevereiro último a esta parte) toca no sector da Agricultura nomeando para ministro Soares Nhaca até então Vice-Ministro do Trabalho e, por conseguinte, exonera o respectivo ministro Isaías Muhate indigitado para o cargo em Fevereiro do ano corrente na sequência da exoneração do seu antecessor Tomás Mandlante. Ora este ciclo de movimentações tendentes a cirúrgicas e em pouco tempo transparecem claramente a preocupação e aflição de S.E.xcia o PR com o desempenho deste sector, é no minímo essa a nossa expectativa. Lamentavelmente as razões e motivações destas operações por imperativos éticos, morais e de segredo de estado não são do domínio público. Vamos vendo e assistindo impavidamente às mudanças de timoneiros deste por aquele passando-se de um ritmo para outro. Contudo, a grande questão fica sempre em aberto, terão estas operações tido em conta as expectativas e anseios do povo moçambicano que é por excelência camponês? Qual é o factor primordial que estará no âmago destas mudanças de ministros deste por aquele e daquele por outro? Serão os maus resultados apresentados pelo sector? Ou um problema de fraca liderança e pura incompetência? Ou ainda descaradamente uma questão de gerência de clubes de amizades e clientelismos? Enfim, é como podem aferir um cenário sombrio que sujeita-nos a uma dubiedade e especulações na busca de compreensão sobre o porque destas operações sui generis no sector da Agricultura que aliás assim feitas representariam um sugestivo objecto de estudo para as Ciências Sociais. Na minha óptica as decisões desta natureza por S.E.xcia o PR devem estar fundamentadas e argumentadas por um apurado e minucioso diagnóstico sobre a situação geral do sector agrícola e, sobretudo, reflectir o sentimento e a vontade geral do camponês face a actual conjuntura da Agricultura. Desta forma, estaria meritoriamente de parabéns o PR na medida em que se revelaria um líder atento e meticuloso acompanhando rigorosamente o desempenho da sua máquina governativa tendo como telos a satisfação das preocupacões básicas e prementes deste povo essencialmente camponês.
Faço votos de um bom trabalho ao novo timoneiro! Que sejam os principais eixos e directivas da sua acção governativa: O incremento da capacidade produtiva do País através da mecanização gradual e sustentada do sistema agrícola; A auto-suficiência alimentar das famílias complementada por uma concepção apurada e gradativa de um sector agrícola vocacionado para a área comercial e por fim; A modelação e concepção de um sistema agricola produtivo com uma filosofia consentânea para as nossas especificidades agro-ecológicas, geográficas, económicas, demográficas e etc.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

ALUSÃO À II CIMEIRA UE/ÁFRICA

Foi consumada satisfatoriamente a tão almejada II Cimeira UE/África em Lisboa entre 07 e 09 de Dezembro do ano em curso. Um evento caracterizado em geral pelos exuberantes sinais de ostentação e apoteose material e financeira cujos expoentes máximos foram as caravanas e caravanas de automóveis luxuosos, hóteis de sonhos, jantares e manjares de refinadissímo requinte visual, olfactivo e de paladar, etc. Enfim, mesmo a corroborar a destreza e vocação perdulária das nossas elites políticas e governativas que de forma impudica, insultuosa e pueril despendem milhares e milhares de valores pecuniários que bem serviriam para planos e acções concretas de desenvolvimento, ajuda sócio-humanitária de gente drasticamente carenciada que comporta a morfologia social dos povos africanos. Imaginem quanto dinheiro deve ter sido esbanjado por este clube de amigos, comadres e compadres, afilhados e padrinhos estadistas? Neste reencontro entre patrícios e plebeus ou ainda entre patrões e empregados? Foi uma cimeira tipificada por um excepcional nível de exibicionismo material e financeiro tendo como principais protagonistas os líderes africanos e europeus.
A midia internacional qualificou a efeméride como tendo sido histórica na medida em que marcou uma nova era de cooperação bi-continental entre a África e a Europa em todas as esferas cruciais das acções de desenvolvimento sócio-económico. Foi extraordinário perceber como o paradigma da Igualdade e o principio do Respeito Mútuo dominaram a condução das sessões de trabalho deste evento o que pressagia um elevado sentido de cometimento no aprimoramento e consolidação das relações bilaterais e multilaterias entre os continentes.
Igualmente encorajou-nos a ênfase que foi dada aos tópicos da Boa Governação e os Direitos Humanos. Ficou, de igual modo, registada a capacidade que os coordenadores e hospedeiros da cimeira demonstraram ao conseguirem evitar que o evento não fosse polarizado por agendas específicas de um e de outro país mas, pelo contrário, primando com determinação e compromisso pela focalização de questões macro e globais que estão na ordem do dia do quadro das relações sócio-económicas entre estes.
O nosso augúrio final é que tudo quanto foi passado à letra: os acordos, protocolos e a declaração firmados neste evento sejam de facto traduzidos em acções concretas quer em planos quer em projectos visíveis de desenvolvimento social, político, cultural e económico de parte a parte baseados nos principios de autodeterminção sócio-económica, justiça social e uma cada vez maior e melhor redistribuição das riquezas humanas e naturais.
Assim sim, creiam as nossas lideranças que vão poder sem dúvidas justificar as ajudas de custos- "per diems" de condes e nobres que esbanjaram em Lisboa e nós também deste lado de tanto satisfeitos professaremos a nossa sábia cultura de silêncio, mas antes, "Surg et ambula África" e muito trabalho.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

PERIPÉCIAS DA PROMULGAÇÃO DE UMA LEI

O executivo moçambicano acabou de dar um passo notável na sua acção governativa contribuindo substancialmente para a nossa autodeterminação enquanto Estado de Direito. É que o Conselho de Ministros promulgou a vigência a partir do último 1 de Dezembro da lei que interdita o consumo de tabaco e seus derivados em locais públicos. Contudo, este acto parece suscitar algumas polémicas no seio da esfera pública, há correntes prós e contra a sua aplicação. Na verdade a leitura da aprovação e implementação desta legislação está em grande medida condicionada pela natureza de cada grupo de interesse, como advoga o adágio popular " Cada um puxa a sardinha para a sua brasa". Ainda assim, os interesses particulares não se sobrepõem aos nacionais, estes são soberanos, supremos e inalienáveis.
Temos, por um lado, o público em geral comportando a dita Sociedade Civil-Cidadãos, mas acima de tudo, a fatia mais grossa da densidade populacional, a estes há em comum o interesse de terem os seus legítimos direitos à saúde e ambiente sãos preservados cuja vontade geral mais saliente é a de minorarem os efeitos do tabagismo passivo a que estão sujeitos os não fumadores sempre que se encontram em locais públicos;
De outro, se encontra a classe de gente que faz a vida e o ganha pão do dia-a-dia com a venda de cigarros e seus derivados, para estes a temática primordial é verem assegurado o seu principal mecanismo de geração de rendimento, insurgem-se pelo facto desta legislação repelir os seus potenciais clientes e etc.
Enfim, colocando a problematização desta questão nestes termos percebe-se que não faltam argumentos sustentáveis a qualquer uma das correntes. Quanto a mim, patrocinar esta discussão não é um exercício útil nem oportuno. É preciso e sim, que averiguemos as razões que estão na origem desta dicotomia de posicionamentos e aí poderemos evitar que no futuro entremos num imbróglio idêntico. Fazendo essa caminhada sinto uma vez mais que o legislador, o executivo, a comunicação social e etc, pecaram por não massificar o debate público sobre esta legislação. Aliás, esta conduta dos principais protagonistas e precursores do processo decisório da coisa pública já assume contornos de uma patologia moral e ética, sempre que se passa a vigência de um código normativo e legal nota-se que o grupo alvo manifesta um clarividente défice de informação. Os cidadãos e população em geral não é preparada fisica, psicológica e socialmente sobre as decisões tomadas. Isto é deveras bastante sintomático, nefasto e não deve continuar assim. Teria sido, mais viável aos implicados directos e indirectos desta lei se fosse do seu conhecimento prévio e profundo. O proprietário de um restaurante saberia como configurar e racionalizar o seu espaço no sentido de poder em simultâneo receber e servir clientes fumadores e não fumadores sem incorrer a perda quer destes quer daqueles clientes. É como depreendem uma prática ética, civíca e culta muito simples e menos onerosa, informar, auscultar e discutir com as pessoas. Assim se vive num genuíno Estado de Direito! Por agora, rearrumem a casa e no futuro haja sabedoria e indulgência da vossa parte para que estas peripécias não se observem.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

PSEUDO-CIDADANIA? OU CIDADANIA PASSIVA E ALIENADA?

Etimologicamente o conceito de Cidadania é intrínseco e emana da noção de cidadão derivada da palavra civita, que em latim significa cidade, e que tem seu correlato grego na palavra politikos - aquele que habita na cidade. A palavra cidadania foi usada na Roma antiga para indicar a situação política de uma pessoa e os direitos que essa pessoa tinha ou podia exercer; no sentido ateniense do termo, cidadania é o direito da pessoa em participar das decisões nos destinos da Cidade através da Ekklesia (reunião dos chamados de dentro para fora) na Ágora (praça pública, onde se deliberava sobre assuntos de acordo comum).
Hoje e indubitavelmente o sentido de cidadania quer local quer global como quiserem assume uma preponderância nevrálgica no processo da consolidação e cristalização dos valores da democracia. O exercício da cidadania é de forma inequívoca um passo sine qua non para a manutenção e apetrachamento da ordem social, cultural, politíco e económica em que assenta a democratização das sociedades.
Os condimentos mais salientes da identidade do cidadão traduzem-se na auto-consciência das suas obrigações e direitos; Na sua capacidade de participar politicamente no processo decisório da gestão da coisa pública e na esfera pública; Na liberdade de poder exprimir-se, associar-se, formular exigências e critícas sobre a actividade governativa e de gestão da coisa pública.
Ora esta maneira de explanar o conceito de cidadania parece eximir e exonerar o cidadão das suas intransmissíveis e legítimas responsabilidades revestindo-o de um papel passivo e inactivo. Todavia, no actual contexto sociocultural e politico-económico exige-se do cidadão que não delegue as suas responsabilidades, não deixe parte de si para outrém. Este deve construir-se material e simbolicamente contando consigo próprio e para si próprio. O que equivale a advogar categoricamente a tese de que nos dias que correm é impensável o exercício da cidadania sem que seja de forma proactiva e participativa.
A cidadania é uma benesse inalienável da génese das cidades que garante a emancipação sócio-política do cidadão, pois de outra maneira o habitante das cidades estaria fatalmente condenado à passividade na decisão e definição sobre as modalidades e critérios de gestão da coisa pública. Com a cultura da cidadania o cidadão exerce plenamente as suas liberdades tornando-se esta num dos mecanismos mais eficazes e inclusivos de distribuição do poder e dos valores da democrácia.
Paradoxalmente a esta precedente visão, a minha advertência é feita para o facto de que ao meu ver o exercício da cidadania no formato ideal aludido estar a conhecer uma aplicação fortuita e precária no contexto do processo da democratização da nossa "nação".
Ainda que as principais cidades do País sejam esmagadoramente habitadas por gente com um nível de instrução, formação e com um "capital cultural" e de urbanidade bastante aceitável sente-se contra todas as nossas expectativas que o seu exercicio de cidadania é muito ténue e tímido o que vaticina a ocorrência de uma Pseudo-Cidadania ou no minímo de uma Cidadania Passiva. Dirão os mais optimistas como eu que este é um fenómeno natural e tipíco das democracias nascentes e em desenvolvimento. Mas, é demasiado pueril e injustificado que algum pretenso cidadão se autorize a ir fazendo e desfazendo sob tal protexto. Façamos um exame introspectivo e profundo à nossa consciência de cidadania, é mesmo; Não duvidem é um convite escancarado e bruto para a auto-responsabilização pelo nosso estar e ser enquanto cidadãos. A minha leitura é a de que a maior quota de responsabilidade desta precariedade e timidez da cultura de cidadania recaí inequivocamente sobre nós mesmos. Deixem-me arrolar algumas dentre várias situações flagrantes em que nos furtamos do nobre exercício da cidadania para a melhor visualização e consubstanciação do meu posicionamento: 1. Quando compramos um produto com o prazo expirado num supermercado e simplesmente não denunciamos a ocorrência as devidas instâncias administrativas e judiciais ou porque de livre iniciativa sonegamos esta ocorrência a quem de direito para amealharmos ganhos e vantagens pessoais através de chantagens aos vendedores ou fornecedores; 2. Quantas vezes assistimos impavidamente as parteiras maltratando as senhoras em época gestacional com o livro de reclamações e sugestões espectado na parede a alimentar os répteis e insectos, etc sem descurar o próprio direito a audiência com a entidade máxima do sector; 3. Vezes sem conta nos fazemos transportar num vulgo "chapa 100" de 15 lugares conscientes da sua supra-superlotação; 4. Assistimos com indiferença de minuto a minuto a condução perigosa e desregrada dos transportadores semi-colectivos e de autocarros públicos e nada fazemos; 4. Quando é que não deixamos de produzir lixo em nossos lares e lançamos desordeiramente em plena via pública a luz do dia; 5. Fazemos e fomentamos o fecalismo sem tréguas e debaixo do sol sem discriminação do local em que estivermos; 6. As autoridades de ordem e segurança públicas fazem-nos cobranças ilícitas de segundo a segundo procurando em nós a todo custo aspectos de infracção de normas e leis e simplesmente não denunciamos; 7.Quantas vezes temos a oportunidade de sancionar o nosso mau representante e delegado no poder e continuamos passivamente a perpertuar a sua vinculação improdutiva ao poder; 8. Quem nunca subornou o professor com valores monetários ou bens em troca de uma passagem de classe ou de vaga para matrícula; 9. Quantas vezes organizamos churrascos nos nossos prédios em pleno dia útil provocando barulho ao som da música estrondoso e insuportável pela noite dentro; 10. Quantas vezes nos eximimos de participar nos eventos recreativos, culturais, desportivos e sociais referentes ao nosso bairro de moradia, não fazemos parte das comissões de moradores dos nossos prédios, não nos envolvemos nas jornadas de trabalho a estes referentes; etc e etc. Enfim, são infinitos os sinais de condutas infractoras por nós cultivadas que desabonam decisivamente a nossa consciência de cidadania.
Não obstante, haver também um leque de responsabilidades a serem providas e asseguradas por quem de direito a medida do desenvolvimento institucional das cidades onde se realça a criação de condições materiais e imateriais para que o exercício da cidadania não encontre empecilhos e seja de facto efectivo e aqui os governos locais também devem assumir o seu papel condicionando todo o substracto de infra e super estruturas necessárias para que os direitos e os deveres dos cidadãos conheçam o seu devido cumprimento.
A questão central do meu raciocinio inicial e principal é alertar-vos para a necessidade de resgatarmos a nossa consciência de cidadania e com ela conduzirmos o nosso quotidiano social aprimorando desta forma os valores da democracia.
Cada um de nós deve esforçar-se por cultivar a cidadania como forma de apropriação pública da coisa pública tendo o sentido de ser dono da mesma. Este exercício passa necessariamente por sermos cada vez mais verdadeiros cidadãos autoconscientes dos nossos direitos (civis, sociais e politícos) e deveres, criticos, interventivos, participativos e proactivos na gestão da coisa pública. Primando sempre pela atitude de que sendo activo na resolução dos problemas da minha cidade estou melhorando e engrandecendo as condições de vida da minha própria família sem excepção de mim mesmo.

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

PARTO NA UEM!

A mais antiga e maior Universidade de que o País se pode orgulhar, vai hoje a consumar a mais uma época gestacional de formandos graduando cerca de 10 centenas de estudantes desde o nivel de Bacharelato ao Mestrado abrangendo as áreas das ciências exactas, sociais entre outras. Parabéns UEM pelo assinalável trabalho que tem vindo a fazer. Aos graduados se lhes coloca o desafio de se fazerem valer colocando os seus saberes em prol do Desenvolvimento Social, Económico e Cultural da nossa pérola do Índico. Parabéns!

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

COSTA DO SOL!

O Costa do Sol voltou mais uma vez a legitimar e corroborar a teoria costumeira que advoga o seu excelente momento de forma e de melhor clube desta época futebolística. Amealhou arrebatando com convencimento aos locomotivas de Nampula o troféu da Taça de Moçambique por três bolas sem resposta o que valeu ao clube 15 mil dólares. A hegemonia dos canarinhos não se confinou por aqui, bem ainda, viram o seu jogador (Tó) a ser laureado com o prémio de melhor jogador da competição o que se lhe valeu um majestoso automóvel. Os locomotivas também foram meritórios finalistas da competição o que se lhes valeu um presente pecuniário de 10 mil dólares. Parabéns ao Ferroviário de Nampula! Parabéns e Parabéns ao Costa do Sol!

HOYO HOYO BASSA!

Agora Cahora Bassa é mesmo e de facto nossa! Depois de um aturado e sinuoso processo negocial com o governo português que remonta pelo menos de 3 décadas está encerrado e consumado o processo da reversão da Hidroeléctrica de Cahora Bassa para Moçambique. É deveras uma glória nacional e momento áureo sentido por todos moçambicanos sem destinção de raça, sexo, idade, credo religioso, político, etc.
Parabéns a todos os intervenientes directos e indirectos e negociadores que tornaram possível a materialização deste desiderato nacional. Parabéns sobretudo ao povo moçambicano!
Avante que o futuro está nas vossas mãos!

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

RECENSEAMENTO ELEITORAL

Não obstante as atribulações e vicissitudes que foi conhecendo o processo do Recenseamento Eleitoral, algumas das quais já superadas, chega-nos agora a confirmação da sua prorrogação até o mês Março de 2008. Enfim, era absolutamente prevísivel considerando todos os constrangimentos por que atravessou sem relegar o próprio adiamento das eleições provinciais para uma data a anunciar. Uma advertência pontual a fazer a CNE e STAE, é da necessidade de tomarem a peito as queixas de ordem técnica e material que tem vindo a ser levantadas pelas populações em pleno gozo do direito de votarem e serem votadas.
Bem haja esta sensibilidade!

terça-feira, 20 de novembro de 2007

PASSAGEM DE TESTEMUNHO

Há dias visitei na sequência de um trabalho de campo alguns dos tão apregoados e idolatrados Pólos de Desenvolvimento pelos decisores e protagonistas da ordem governativa vigente. Passei nomeadamente por Chicualacuala, Mapai, Mabalane, Chókwè, Macia e Xai-Xai. Foi deveras uma visita de trabalho memorável em que uma vez mais pude manter o contacto directo com a natureza e, sobretudo, com o país real. Como podem calcular os mais videntes e advinhos estou abarrotado de retractos interessantes para convosco partilhar e aos visados será mais uma ocasião para anotarem um T.P.C.; Aliás, deixem-me realçar que os ditos "Pólos de Desenvolvimento" são por excelência autênticos locus físico-naturais e sócio-culturais virgens e férteis para se explorarem e estudarem de forma racional e sustentável. Dai que coloco-vos este desafio. Nesta breve ladainha auguro arrolar os momentos essencialmente pedagógicos desta aventura ao distrito trazendo algumas lições negativas e positivas do seu status quo numa lógica dialéctica da explanação de ideias. Devo referir, que a zona norte da Província de Gaza em geral tem a peculiaridade geográfica de fazer fronteira com alguns paises vizinhos são eles a Africa do Sul e o Zimbabwe. Indo para o âmago da minha proposta de ladainha, permitam-me, por um lado, passar-vos o testemunho do registo de algumas mazelas sócio-humanitárias que marcaram-me negativamente, discriminadamente: 1. A dura e real situação caracterizada pela nudez, fome, seca e a sintomática falta de aguá; 2. A insuficiência de infra-estruturas básicas para a sobrevivência destas populações, falo de unidades sanitárias, escolas desde o nível primário ao secundário e o ensino técnico, infra-estruturas para o comércio, desportivas e recreativas, etc; 3. A subalternização da rapariga e sua baixa escolarização;
4. A imensidão das riquezas naturais e humanas sub-aproveitadas;
5. O isolamento quase que perfeito de toda a zona da província de Gaza do resto do País derivado da falta de meios de comunicações e de transportes;
6. O fornecimento deficiente da corrente eléctrica com recursos a pequenos geradores de energia e painéis solares;
7. O elevado índice de analfabetismo dos jovens, a sua elevada vulnerabilidade ao HIV/SIDA e a outras doenças infecto-contagiosas como a malária, diarreias, cólera, etc;
8. O fraco nível de associativismo particularmente o juvenil;
9. O fraco nível de relacionamento entre os jovens e o Conselho Consultivo Distrital;
10. O fraco acesso dos jovens ao Fundo de Investimento do Distrito;
11. A degradação e precariedade das habitações e de algumas infra-estruturas públicas e privadas;
12. As cicatrizes e sequelas da humilhação física e psicológica decorrentes das guerras sucessivas que nestas se travaram.
Como pudestes aferir a partir deste testemunho por mim apresentado, há ainda muito que desbravar e, nesse sentido, não hajam esforços a medir, cada uma das forças sociais e órgãos governativos que anote a sua parte do TPC e arregace as mangas e vamos com a massa na mão.Há de facto trabalho para todos nos Pólos de Desenvolvimento, todos são chamados os Senhores(as) Paulo, Aires, Fernando, António, Esperança, José, Felício, Helena, Machungo, Cuambe, Simão, Daniel, Hermenegildo, Muhate, Chang, Auiba, Victória, Lucas, Namburete, Matabele, Graça, eu, você, nós e etc.
Por outro lado e, para romper com o tom pessimista com que vinha testemunhando, aceitem comigo partilhar as lições positivas por mim apreendidas na breve convivência com o distrito, designadamente:
1. A forte solidariedade e coesão social que se processa no seio das comunidades;
2. As riquezas naturais e intactas, o ar puro, o verde arbóreo, a flora, o contacto com os animais de todas espécies;
3. O poder impressionante que as crenças, hábitos e costumes mágico-religiosos exercem sobre os membros agregados às comunidades;
4. A riqueza histórico-cultural detidas por estas comunidades;
5. Capacidade e imaginação da mulher de poder forjar estratégias para a sobrevivência das suas famílias;
6. A forma proactiva e empenhada como os jovens se soerguem da pacatez e apatia do distrito contribuindo activamente para o seu desenvolvimento social, cultural e económico;
7. A forma pujante, engajada e determinada como as comunidades estão envolvidas no processo da sua reconstrução social, cultural, política e económica;
8. O seu elevado potencial turístico.
Com efeito, a questão primordial deste mero e descritivo exercício da passagem de testemunho do distrito é podermos visualizar mesmo que virtualmente na senda da abordagem da acção governativa dominante e vigente que aspectos estão sendo bem encaminhados e potenciá-los, bem como, extraírmos os aspectos morribundos e ruidosos e que certamente emperram o desenvolvimento local para melhor aprimorarmos a nossa capacidade de remoção dos mesmos e a subsequente planificação de uma intervenção mais correcta e profícua.
Enfim, encerro a ladainha sugerindo-vos a escolha dos Pólos de Desenvolvimento como ponto de chegada para trabalho, empreendimento, lazer, descanso, reflexão, etc. Creiam que se assim procedermos marcaremos alguns passos gigantescos e consentâneos ao seu progresso sócio-económico.

CRITÉRIOS PARA A FORMULAÇÃO DE UMA QUESTÃO SOCIOLÓGICA

Qualquer desiderato heurístico e investigativo em Ciências Sociais e no caso vertente da Sociologia exige a priori a formulação de uma questão inicial e guia com criteriosidade e rigorosidade. A questão inicial opera como o fio condutor da análise sociológica traçando o devido desdobramento teórico-conceptual e empírico a ser seguido na operacionalização do problema diagnosticado.
A definição e delimitação da questão inicial é extremamente central e decisiva para que o estudo sociológico aspire e amanhe a resultados medotologicamente aceitáveis e funcionais. Através desta, o investigador procura expressar precisamente o que pretende estudar, saber, elucidar, compreender, explicar e etc. O que outorga-me a conjecturar que um trabalho ineficaz nesta fase poderá deter um máximo de probabilidade para comprometer a idoneadade e legitimidade científica da leitura e análise sociológica em causa.
Ora, como superar a iminência desta dificuldade? Esta é uma questão clássica das Ciências Sociais em geral e da Sociologia em particular e que nela sempre esteve imanente na sua luta pela legitimação científica.
O repto primordial desta problemática reside na imperatividade de o investigador ser vigilante a todo instante despindo-se de toda a moldura de ideias pré-concebidas por si imbuída, dado que o pesquisador é em simultâneo o sujeito da constituição do saber e objecto ou matéria da análise sociológica. Este exercício obriga-no a ser peremptoriamente fiel e casto aos procedimentos teórico-metodológicos por ele apregoados, por um lado, e a definir criteriosamente os problemas que o apoquentam na sua leitura e análise sociológica, por outro.
Nesse sentido, para que a formulação de uma questão sociológica logre a sua operacionalidade é necessário que ela observe a alguns parâmetros e critérios, nomeadamente:
1. A Clareza - este é conferido pelo grau de precisão e concisão que a pergunta reunir; Quais são os factrores socioculturais que justificam a alta taxa de prevalência de HIV/SIDA na província de Sofala no ano de 2004? Como se pode depreender a pergunta procurou ao máximo evitar ambiguidades clarificando a natureza das suas variáveis e a sua respectiva delimitação espacio-temporal;
2. A Exequibilidade - radica da condição de a pergunta poder ser realista considerando a sua capacidade de materialização mediante os recursos pessoais, materiais e técnicos disponíveis. Uma boa pergunta seria; Que factores socioculturais concorrem para o elavado índice de linchamentos no Bairro T3 do Munícipio da Matola entre os anos 2006 e 2007? Esta pergunta é exequível na medida em que foi escrupulosamente delimitada sob o prisma da dimensão espacio-temporal, o que a condiciona uma operacionalição sem empecilhos de ordem material e técnica de vulto.
3. A Pertinência - concerne a necessidade de a perguntar ser verdadeira, de ordem explicativa e compreensiva, sem intenções filosóficas e morais e reportar-se ao que existe ou existiu e não ao futuro; Um exemplo ilustrativo da aplicação deste critério seria: Quais as motivações sociais que justificam a maior afluência das raparigas aos bares e barracas na cidade da Matola de 2006 a 2007? A pergunta partiu da constatação de um fenómeno social recorrente que se observa num determinado contexto de tempo e espaço sem avançar absolutamente nenhuma ideia pueril da sua ocorrência, mas pelo contrário, procurando estabelecer mecanismos para melhor estuda-lo e interpretá-lo.
É portanto, do relacionamento meticuloso e permanente entre o investigador e os três precedentes critérios que o sonho de empreender uma leitura e análise sociológica poderá tornar-se factível. Todavia, reparem sempre o detalhe da relevância sociológica da pergunta que não deve nem pestanejando ser descurado. Alguns conotarão esta forma de visualizar os fenómenos como um caminho aberto ao Sociologismo. O que importa discernir e reter nas três perguntas anteriores levantadas na sequência da descontrução dos critérios de formulação de uma questão sociológica é a sua capacidade de se poderem referir às variáveis e agrupamentos sociais com uma significância sociológica.
Em última análise, pelo que ficou dito anteriormente podemos asseverar categoricamente que a formulação de uma questão sociológica assenta no seguinte tripé:
1. A fidelidade aos critérios ou parâmetros da formulação de uma pergunta;
2.A observância e operacionalização dos procedimentos teórico-metodológicos rigorosamente estabelecidos; e
3.A detenção por esta de uma relevância sociológica.

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

MOÇAMBOLA HOI!!!

O Costa do Sol acabou de se sagrar campeão do Moçambola pela nona vez na história do futebol nacional. Parabéns a todos os intervenientes e fazedores directos e indirectos desta epopeia. Foi inquestionavelmente uma vitória meritória deste clube que fez uma excelente campanha futebolística. Parabéns e bem haja o Costa do Sol!

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

A IRRESPONSABILIDADE SOCIAL TELEVISIVA

Com o advento do fenómeno da Globalização, os empreendedores, empresários e decisores públicos e privados incorporaram na abordagem da cadeia produtiva um novo elemento de crucialdade incomensurável. Passaram a dedicar a sua atenção não só para os principais intervenientes do processo produtivo como também para os próprios consumidores e destinatários do seu produto final. Apesar de esta constituir uma preocupação clássica e secular constando da lista dos principais factores que causam a insónia aos empresários e decisores da arena comercial e industrial pública e privada desde os primórdios das trocas comerciais, refira-se que a notoriedade desta preocupação pôde tornar-se indiscutível "recentemente" na era do capitalismo moderno. As organizações e empresas alicerçadas em princípios éticos bem assentes assumiram com escrúpulo e verticalidade o desafio de conduzirem as suas acções de forma cooperativa e co-responsável contribuindo proactivamente para o desenvolvimento social do seu mercado. O que significou a necessidade de englobar e considerar cada vez mais as preocupações e sensibilidades de todos os actores directos e indirectos do processo produtivo. Este desejo traduziu-se ainda numa maior aproximação e entrelaçamento entre as organizações e o seu ambiente externo. As organizações entraram para um mercado concorrencial com a aspiração aguerrida e pujante de providenciar e ocasionar as condições necessárias para que o seu público alvo usufrua dos benefícios e externalidades positivas decorrentes do exercício das suas actividades. Para ilustrar melhor este cenário, tomemos como exemplo paradigmático a abordagem que as empresas transnacionais colossais fazem relativamente às questões ambientais autoconscientes do grau de perniciosidade que o seu exercício produtivo acarreta para as comunidades residentes nas áreas circunvizinhas das suas fábricas e aqui podemos citar como exemplo disto o caso da MOZAL. Um outro caso que pode ser tomado como protótipo da cultura da responsabilidade social é o do Grupo MBS que para além de ter reabilitado as suas instalações onde funciona actualmente a Kayum Centre arcou com algumas obras de beneficiações do edíficio, melhorou cabalmente o seu sistema de drenagem de água, restaurou o parque de automóveis e o pequeno jardim defronte deste. Todas estas investidas não foram feitas impavidamente sabiam os seus mentores que os seus primeiros potenciais clientes seriam os moradores do prédio e os das suas imediações, ademais, foram mais longe ao criar um jardim para atrair mais clientela. Neste contexto, qualquer organização passou de forma engenhosa e expedita a não descurar os príncipios e valores que tipificam o modus vivendis do seu público alvo. As organizações produzem, fabricam e vendem conscientes de que a sua prosperidade no mercado é condicionada pela sua capacidade de aliciarem os seus destinatários participando directamente no processo de desenvolvimento social, cultural e económico destes. Enfim, até aqui todas as vestimentas andam bem engomadinhas. É deveras lastimável ter de começar a amarfanha-las, mas, devo de facto. Creiam todos que a intenção da cultura da responsabilidade social apregoada pelos principais estudiosos, decisores e precursores das organizações é inequivocamente boa e sensata, não imaginam quão seria positivo que todas as organizações assumissem o seu papel nesta frente. Mas, quero alerta-vos da ocorrência de mostras flagrantes de uma atitude contrária a esta, ou seja, da cultura da irresponsabilidade social. Por trivial que pareça esta é de uma gravidade de magnitude exponencial. Ela observa-se em muitas das áreas do nosso quotidiano social. Porém, intriga-me a infeliz coincidência de uma das áreas em que se observa ser a da comunicação social concretamente da nossa imprensa televisiva e que para o nosso definitivo infortúnio afecta a todos os canais nacionais. A área da comunicação social televisiva é extremamente sensível e chave na formação da opinião pública. A televisão participa activamente do processo da formação civica e cultural do individuo; Ela condiciona significativamente o processo educacional e a mentalidade dos seus receptores. Quantos não são os hábitos que preterimos porque são negativamente sancionados e reprovados nas telenovelas? Quantas não são as novas maneiras de estar, ser e agir que adoptamos porque são aprovadas e positivamente aceites nas telenovelas? Será que os nossos profissionais e decisores da área da televisão já fizeram o exercício introspectivo de avaliarem o impacto do trabalho que prestam?
Para melhor aferirem e reflectirem sobre estas inquietações, sugiro-vos o protótipo de uma situação aberrante e inadmissível em televisão. Já digo, há dias assistia a um programa televisivo musical que está a fazer um trabalho excepcional na promoção da música moçambicana e de novos talentos o que é de todo desejável. Todavia, pareceu-me que o próprio apresentador não tivesse o dominio do perfil do seu programa sem preterir as questões de índole técnica da apresentação que deviam ser do seu conhecimento, demonstrou não ter consciência de que o seu não é infantil, mas, essencialmente juvenil desmintam me se poderem. Nesse dia, o apresentador juntou algumas crianças para fazer o seu pão do dia e ficamos a perceber que as Bling, Marlene, Danny OG, Lizha, Zico, etc já tem sucessores a espera e em riste.
O aspecto central desta constatação reside no facto de que a partir dela deu para perceber qual é o tipo de valores e princípios que a nossa criançada vai apreendendo e interiorizando e em função disso também pudemos fazer um prognóstico leviano do seu futuro. Não advogo a sua interdição à assistência ou aparição destes e nestes programas, mas, há que se dosear melhor o contacto entre estes programas e a criançada para que não patrocinemos a degenerescência dos nossos petizes. Sei que poderei ser um réu confesso pelo meu tique aparentemente conservador e retrógrada, mas, julguem se quiserem.
Para corroborar as minhas comichões na consciência, apoquentam-me também o facto de observar em pleno dia a serem passadas imagens que de alguma forma são aberrantes e violentas para o desenvolvimento psico-social da criançada. Aliás, já nem é preciso ver as imagens, basta a criança ser uma boa ouvinte para por em prática todas as mensagens transmitidas na maior inocência. Durante as noites a coisa é mais sintomática, embora seja verdade que teremos de apurar e partilhar as responsabilidades entre pais, professores, educadores, etc, não é suficiente para ilibar a irrensponsabilidade e falta de ética de alguns profissionais de televisão.
A televisão abre as mentes das crianças pode proporcionar-lhes em função do tipo de matérias e conteúdos que transmite a predisposição e apetência para se decidirem e encantarem pela formação em medicina, professorado, magistratura, economia, política, policia, música, dança, actriz, prostituição, etc. Reparem que as suas escolhas têm como sustentáculo o tipo de valores por estas incorporados através da televisão. Não quer isto significar que a televisão é um vector suficiente e necessário para educar e formar a criança, mas, que a sua contribuição neste processo é substâncial como que a legitimar o papel da televisão enquanto um agente de socialização do individuo complementar.
Há um exercício que a comunicação social culta e prudente tem feito no alinhamento e definição dos perfis dos programas, por que não resgata-lo? Sei perfeitamente que estão recordados da informação prévia que era dada pelos respectivos apresentadores em caso de pretenderem emitir uma mensagem escandalosa e violenta para não embaraçarem o convívio familiar ou ferirem sensibilidades. Ou ainda, retomar o feitio de sempre que se pretender veicular uma mensagem ou programa orientado exclusivamente para uma determinada faixa etária assinalar na tela o sinal de proibição da assistência para as restantes faixas etárias.
Ao assim proceder a media televisiva com particular incidência para os pelouros da programação e apresentação de entretenimento se dotará de mais acuidade e profissionalismo e, sobretudo, melhorará a sua capacidade de censura de informação e desta maneira poderá rejuvenescernos do tédio que causou a milhares e milhares de cidadãos que de tanto desespero se pautaram exclusivamente pela imprensa escrita.
O pessimismo destes escritos não augura de maneira nenhuma enxovalhar a classe da comunicação social televisiva, pelo contrário, procura ater-se a uma das suas facetas para construtivamente aborda-la tendo em vista a que os profissionais desta área melhorem cada vez mais a sua prestatividade imbuídos da convicção de que a media exerce de facto um papel primoroso e prestimoso na educação civica e cultural do individuo.

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Podemos estudar a vida humana (social) de forma científica?

Esta questão remete-nos a priori para as circunstâncias soció-históricas que marcaram a génese e emergência das ciências sociais; As ciências sociais emergiram num período em que do ponto de vista da produção de saberes a primazia era dada às ditas ciências naturais e exactas que já se tinham afirmado e alcançado a sua autonomia científica, graças aos seus alicerces assentes no procedimento lógico-formal baseado na ciência fisico-matemática, onde a observação e experimentação eram os principais métodos que sustentavam o positivismo exacerbado destas ciências. Ora a colocação da pergunta desta forma leva-nos a partida a reflectirmos sobre os vários condicionalismos e factores a que os fenómenos sociais estão sujeitos designadamente: 1. O facto de não verificarem uma regularidade aprensentando-se como únicos; 2. Deterem uma cumplicidade intrínseca com os próprios actores sociais; 3. Obedecerem a interesses e motivações dos mesmos e portanto, serem valorativos; 4. E ainda pelo facto de os comportamentos e atitudes humanas mudarem de acordo com as situações sociais. Todos estes constrangimentos nos quais estão imersos os fenómenos sociais e suas implicações lógicas para as ciências sociais impelem-nos a questionar sobre quais de facto as possibilidades de estuda-los cientificamente.
Retorquindo a questão com todos os riscos que daí podem advir, assumimos peremptoriamente a tese de este desiderato ser alcancável partindo da premissa de que aspirar a produção da ciência é pretender sistematizar conhecimentos através de um conjunto de proposições lógicas e correlacionadas sobre os comportamentos de certos fenómenos, neste caso, sociais, definindo previamente um objecto de estudo próprio, específico e delimitado com recurso aos métodos científicos que permitam quer quantificar quer qualificar interpretando a realidade social em estudo. O que implica ao cientista social dada a sua cumplicidade e proximidade à realidade social e ao carácter subjectivo dos fenómenos sociais um maior escrúpulo, criteriosidade e esforço permanente ao exercício de procurar expurgar e distinguir entre as suas motivações e valores pessoais como parte integrante da realidade social e a questão objectiva que o preocupa na investigação. Neste prisma, o pesquisador deve respeitar com afinco e fidelidade os princípios e procedimentos científicos, um exercício que não é de forma alguma fácil mas, que se afigura como a única via eficaz pela qual se pode aspirar a objectividade ou a resultados aproximadamente objectivos. Não quer isto significar que os valores estejam absolutamente imunes do acto da constituição do pensamento e portanto, não sejam primordiais na investigação a ser desenvolvida pelo cientista social, pelo contrário, estes é que conferem a eficácia teórico-metodológica da contextualização e abordagem do objecto de estudo. O que se requere do investigador é a mestria de poder produzir um conhecimento neutral respeitando e aplicando de forma lógica, coerente, desapaixonada e rigorosa os instrumentos e as técnicas de investigação científica. Ao analisar um dado fenómeno social, o pesquisador deve ser capaz de fazer a sua investigação sem descurar a forma como se entrelaçam e costuram as relações sociais nele imbricadas, ter presente as significações e representações sociais dos fenómenos em causa. Em suma, o cientista logrará produzir um conhecimento credível e plausível sobre a vida humana e social lidando com competência e eficácia teórico-metodológica com o condicionamento axiológico do objecto de estudo cujo cerne assenta em poder correlacionar os métodos científicos e o contexto sociocultural em análise.

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

POR UM REACACIAMENTO DOS 120 ANOS DO DESACACIAMENTO DA CIDADE DE MAPUTO

Merecidos citadinos e munícipes da cidade de Maputo!
Caminhamos a passos galopantes para o climax da semana comemorativa dos 120 anitos da nossa belissíma e memorável "Cidade das Acácias", Quem te habitou, habita e habitará?
Imaginem só o acervo de memórias que por aí deve pulular acerca de si, desde a então Lourenço Marques até a actual capital moçambicana que é Maputo. É deveras um longínquo e espinhoso percurso histórico que certamente registou um manancial de aspectos positivos e negativos.
Sob um olhar acrítico, leviano e típico de personnes non gratas uma reflexão plausível sobre esta efémeride se prenderia a enxovalhar a nossa maravilhosa "Cidade das Acácias" num mínimo de 120 páginas maledicentes que equivaleriam a sua idade e sobretudo, ao número exacto de pecados por esta cometidos em cada segundo. Enfim, um puro exercício inepto, demagógico e falacioso.
Em contraposição a precedente forma de aludir e radiografar a cidade Maputo, sugiro-vos uma outra lupa que entendo ser mais funcional e construtiva para melhor reflectirmos sobre o passado, presente e futuro desta.
Diriamos todos nós, os munícipes que cidade tão problemática: uma cidade em obras por excelência, inóspita, esburracada até a Presidência da República, sérios problemas de saneamento do meio, drenagem, jardins e espaços verdes entregues à sua sorte, infraestruturas desportivas vandalizadas e transformadas em tudo que transcenda o nosso imaginário, mercados na cave no terraço, carros nas passadeiras e passeios, peão na faixa de rodagem, velas servindo de iluminação, semáforos nas salas de visita, sobrepovoamento, olhares expressamente escusados de se fazerem para baixo, excrementos, lixos e imundície sobre os murros, a desordem, insegurança e públicas substituindo a manteiga no pão, assaltos, acidentes nas vias públicas costurando verdadeiros formigueiros, citadinos já cauterizados a esticarem as mãos para entregarem os seus celulares e objectos de adorno aos amigos do allheio, as acácias todas deitadas de tanto envenenadas e embriagadas pela acidez da urina, gente patrocinando o fecalismo de forma tão desavergonhada e impudica, citadinos e citadinas virados uns contra os outros para urinarem e ... na maior virtuosidade planetária, um vulgo TNS de 15 lugares para 100 passageiros por rota, o elevado tráfego e saturação do parque automobilístico.
Puf!!!Como se pode depreender seriam inúmeras as lamúrias uma seguida de outra a uma velocidade da luz e assim sucessivamente que nos custariam uma eternidade para arrolá-las.
Debateriamos e nos imputariamos as responsabilidades até os próximos 120 anitos, logo teriamos cumulativamente 240 anitos de bate-boca e peleja verbal e quiça, física infrutifera ou como diz o Prof. E. Macamo de fala sem consequência, porque eu isto..., você aquilo... degenerando num extraordinário festival de apedrejamento entre eu, você, ele e nós.
Distanciando-me dessa abordagem essencialmente de responsabilização institucional, em que o Conselho Municipal é absolutamente paternalista, providencialista e responsável por assegurar todas as condições consentâneas para a vida dos munícipes e/ou citadinos que, por sua vez, não passem de meros objectos passivos e alienados que nada mais fazem senão esperarem pelo governo municipal. Como que a legitimar que o Dr. E.Comiche deva ir ao meu contector recolher o lixo por mim produzido ou que ele se digne a tapar os burracos da entrada da minha casa; Que exuberante estupidez! Mas é assim que se concatenam e cogitam as ideias na opinião deformada e desinformada que por sinal é a maioritária. Por conseguinte, caso o camarada não se faça favoravelmente ao anseio do munícipe se arrisca a ficar nas tintas no próximo pleito eleitoral.
A minha proposta, para estancar este meu ritimo titubeante é desmistificarmos a problemática sob um prisma fundamentalmente antropocêntrico. Mais, isto ofusca e desinforma ainda mais a questão. Mas, deixem-me clarificar a ideia, o que proponho é colocarmos o munícipe no epicentro da nossa discussão, o que significa problematizarmos a questão pensando e repensando a figura do citadino, estudando e reflectindo sobre a sua postura e conduta enquanto munícipe.
Obviamente que procedendo desta maneira tangeriamos em aspectos de índole sociocultural. Averiguariamos os comportamentos, maneiras de estar e de ser, agir que tipificam a personalidade do munícipe de Maputo. Um levantamento estatístico com a questão inicial de : Que valores sociológicos imbuem e orientam a conduta do citadino de Maputo? Seria um instrumento bastante interessante para fazermos esta aferição e com ela sustentarmos uma tese.
É preciso não descurar o facto de a nossa capital ser essencialmente uma cidade cosmopolita que converge e confluí vários interesses e substractos sociológicos, temos nela chineses, indianos, japoneses, alemães, ingleses, espanhóis, portugueses, norte-americanos, chilenos, brasileiros, nigerianos, egípcios, tanzanianos, angolanos, cabo-verdianos, todos estes e mais procedentes do entorno externo, os originários nacionais procedentes das províncias, de Cabo Delgado, Nampula, Niassa, Tete, Sofala, Inhambane e Gaza e, por último, os próprios nativos da Cidade de Maputo. Cada um destes citadinos é parafraseando o escritor Mia Couto uma cultura ou ainda, na esteira do Prof. Serra cada um destes actores sociais é portador representativo de um diferenciado e específico perfil sociológico. Alguns leitores já se apressam ao atrevimento de acusarem-me de ser demasiado weberiano e outros em jeito dicotómico e só mesmo para contrariar, devem apelidar-me de durkheimiano.
Contudo, não é esse o nosso debate de fundo, antes o de problematizarmos a figura do munícipe de Maputo, é nela que deve gravitar a abordagem do exercício de uma cidadania autoconsciente, participativa e proactiva. O citadino maputense deve assumir-se como o sujeito inalienável da mudança do actual cenário sombrio desta cidade. O citadino maputense deve ter uma identidade própria e digna de um citadino, deve pautar por postura correcta, exemplar e de elevado sentido de urbanidade.
Para ilustra-vos melhor o sentido da minha proposta, confiram o paradoxo entre a anterior asserção e o facto de serem estes mesmos citadinos que quando se deslocam para o ocidente ou aqui mesmo no nosso calcanhar que é a terra o Rand, sabem depositar o lixo nos seus respectivos contectores, sabem respeitar a linguagem da passadeira do peão, orientam a velocidade da sua condução com base nos sinais de trânsito, não andam nem partem garrafas na via pública, não se inclinam para defecar nas estátuas dos heróis, etc.
Doravante, o desafio que se afigura ao munícipe é o de redar a merecida e devida dignidade e estatuto a esta urbe que é o de uma cidade maravilhosa, acolhedora e limpa, isso mesmo, tornar a "Cidade das Acácias" igual a si.
Pode parecer uma proposta com odor a um abstraccionismo inconsequente, mas não é verdade, digo-vos com franqueza, temos que deixar de ser passivos e inertes para melhor reorganizarmos a nossa cidade e devolvermo-la a reputação que sempre teve de uma boa cidade. Não se equivoquem uma péssima cidade não faz mais do que espelhar a imagem do seu citadino.
Maputo Surg et ambula a reviravolta, formemos comissões de moradores nos nossos aranha-céus, vivendas, etc, comissões dos moradores das ruas, avenidas, quarteirões, células, bairros, funcionários da empresa x e y, alunos da escola k e z. Uma vez assim agrupados que sejam planificadas actividades e jornadas de trabalho, por exemplo, uma limpeza geral da rua, do prédio, do campo de futebol, da escola ou da empresa, etc. Faça-se uma singela e simbólica contribuição monetária regular para a manutenção e assistência do prédio, do seu sistema de drenagem e tubagem a pintura, etc.
Nesta óptica, seriam muitas as iniciativas que com muita boa vontade, empenho e criatividade poderiam minorar a sobrecarregada e congestiva dose de responsabilidade do nosso edil, quanta insónia o homem não deve ter pensando em como melhorar a qualidade de vida dos seus munícipes. Acudam-no e vamos avante como muita atitude e acções concretas que rumem para o desiderato de reacaciarmos a nossa cidade das acácias desacaciadas nestes 120 anos de vida, esta é a nossa parte e deve ser feita por nós.
Hui!!! Paro por aqui, enderençando votos sinceros de boas festividades a todos citadinos maputenses.
Bem haja a "Cidade das Acácias"

CONTINGÊNCIAS DA NOVA LEI DE TRABALHO

Passa sensivelmente uma semana após a entrada em vigor da nova lei do trabalho. Um instrumento juridico-legal extremamente primordial e vital que regula todo o substracto da politica e relações laborais. Refira-se que esta nova versão deste documento decorrente da revisão da até então vigente já era avidamente almejada dado que a antecedente se afigurava muito omissa, desarticulada e descontextualizada do actual mosaico sociocultural das relações laborais. Embora hajam alguns aspectos pontuais de clivagem e controvérsia entre as principais partes interessadas, nomeadamente a massa laboral e o patronato, a nova lei foi aprovada e promulgada sob o aval do CCT por reunir o mínino de consenso necessário relativamente as condições e factores subjacentes e emergentes da sua operacionalidade. Todavia, sente-se que este documento normativo ainda não é dominio da própria classe laboral o que pode fazer despoletar o questionamento sobre como terá sido conduzido o seu estudo e debate público se ele tiver acontecido de facto. É sintomático que o próprio trabalhador esteja a labutar sem sequer conhecer o quadro juridico-legal que rege a sua vida laboral. Ademais, este défice de informação pode alimentar leituras pessimistas e maquiavélicas, por exemplo, pode fazer-nos crer que havia intencionalmente uma predisposição do legislador em protelar os seus interesses que certamente devem coincidir com os do patronato em detrimento dos da massa laboral. Enfim, é uma opinião que pode ser validada pela teoria da falsificabilidade. Todas as dúvidas e inquietações emergentes da compreensão e interpretação desta legislação deviam ter sido dissipadas aquando do seu debate público. É deveras pueril e repugnante aventarmos a hipótese de que a atmosfera da formulação e promulgação desta lei pode ter obedecido a lógica do relacionamento entre o gato e rato. Neste contexto, teremos de evoluir para uma cultura de debate aberto e franco de ideias em que haja por parte dos protagonistas de qualquer enredo a autoconsciência da necessidade de um cada vez maior parceirismo e mutualismo, porquanto, todos augurarem o mesmo telos. Este sim foi, é e sempre será o paradigma ideal da resolução dos conflitos laborais. Ainda que já se encontre na sua fase de vigência, a imperatividade do seu estudo e difusão nunca é extemporânea, pelo contrário é cada vez mais premente na medida em que já começa a sarar e cicatrizar as feridas decorrentes da anterior legislação ou abrir novas lesões ou ainda a acautelar-nos dos novos cenários omissos que se escaparam no acto da sua formulação. Deste modo, o principal desafio é o de continuarmos com o exercício permanente do estudo e apreensão deste e de outros quadros normativos, para melhor conhece-los e quiça inquiri-los cuja responsabilidade não é excluivamente dos sindicalistas, CCT, MITRAB, mas acima de tudo, de cada um de nós nos postos em que militamos. Bem haja a nova lei de trabalho e que seja de facto humanista e inclusiva!

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

NO ESCOPO DA CIMEIRA ÁFRICA/EUROPA

Aqui intento fazer uma ousada e aventurada imersão pela Actualidade Nacional-Internacional gravitando em torno da Cimeira África-Europa procurando trazer a reflexão dos seus últimos contornos. É corriqueiro e sobejamente sabido que a materialização desta cimeira representará uma estratégica e capital alavanca para o incremento da cooperação político-económica e soció-cultural inter-continental entre estas duas esferas planetárias. Pressagia-se que este se constituirá num marco notável rumo a um novo cenário de relacões e cooperação internacionais em que serão assinados e ratificados vários acordos, protocolos e tratados tendentes a uma cada vez crescente aproximação e abertura no relacionamento entre os dois continentes. É como que a corroborar a corrente vulgar de que "a urina começa aqui vai até ali e depois retorna para aqui". Quer isto significar que, por um lado, temos o continente negro que comporta esmagadoramente o bloco dos paises em desenvolvimento, este que é o defraudado que ontem, hoje e quiça amanhã vem e continuará se ressentindo do saque e pilhagem de que foi vitíma sob o jugo colonial que mais não lhe resta senão continuar esticando as mãos, bem a maneira de um pedinte esmolando, só que com um estatuto diferente ao do último na medida em que pede a quem se enriqueceu através dos recursos materiais e humanos que foram a si açambarcados na maior cegueira, humilhação e escravização fisica e psicológica. É deveras interessante! Mas, continuemos; Por outro, se encontra o autor material e moral da fraude, como se de clemente e generoso se tratasse, ou talvez, almejando se redimir dos seus pecados, pois, as leis divinas coagem e aperream-no dia e noite para que aja na lógica do ditame popular segundo o qual "dar a César o que é César", o que é ético e correcto enquanto prognosticar a auto-penitência e predisposição para empreender a reviravolta. Mas, não é este o raciocínio augurado nesta minha aventura, a questão central é trazer-vos ao conhecimento e para a indagação dos seus últimos contornos. A principal e mediática clivagem circunda à volta da participação do Presidente Zimbabweano Robert Mugabe. Neste prisma, despontam basicamente dois posicionamentos antitéticos, de um lado, os pró-exclusão do Presidente Robert Mugabe da cimeira cujo precursor é o 1º Ministro Inglês Gordon Brown e que por tal condiciona a sua participação a este factor. A República Checa, a Suécia, Finlândia, Holanda e Dinamarca também se avincaram favoralmente à tese do Reino Unido. De outro lado, temos os apologistas de que o líder zimbabweano é um participante indispensável, isto é, os contra-exclusão do Presidente Zimbabweano e que por via disso também condicionam a sua presença `a participação deste líder, vozes como as dos Presidentes Guebuza e Dos Santos já o advogaram com clarividência, aliás, ao que tudo indica Mugabe não se pode queixar da falta de solidariedade e amparo na medida em que uma parte bastante significativa dos paises membros da UA já expressou a sua implacabilidade em relação ao desconvite do presidente Mugabe. O principal eixo argumentativo desta acepção que é de toda razoável e sensata reside no facto de esta não pretender ser nem erroneamente uma Cimeira Bilateral entre o Zimbabwe e a Europa, mas do continente africano no seu todo com a Europa, o que faz descarrilar a pretensão da 1ª tese, a própria presidência da CE em exercicio sob a égide de Portugal já clarificou peremptoriamente que a cimeira terá lugar apesar destes percalços. Ora, este é como se percebe um debate que poderá perdurar a avaliar pela forma arrogante e irredutível como os posicionamentos são colocados pelos seus principais protagonistas. Ao meu ver, há mais viabilidade em que as partes conflitantes se posicionem em uníssono favoravelmente a participação do Presidente Mugabe. A consertação de ideias deve procurar capitalizar esta realização para fazer paralelamente um fórum de conversações sobre os demais dossiers que divergem os dois paises e dai definirem um mecanismo de mediação fundamentados numa averiguação mais apurada e minuciosa dos aspectos em discórdia. A minha aspiração é alerta-vos para o facto de ser mais profícuo e produtivo a capitalização da presença do Presidente Mugabe nesta cimeira para a África dialogar com Mugade, a Europa com Mugabe, o Reino Unido com o Zimbabwe e como corolário destes fóruns a África e a Europa dialogarem com o Zimbabwe e o Reino Unido na busca de uma plataforma de entendimento bilateral satisfatória. É preciso considerar que o desolador e drástico cenário humanitário, fome, desemprego, revés económico, etc a que o povo zimbabweano se encontra mergulhado deve ser invertido a breve trecho sob pena de assistirmos a uma tragédia humanitária. São estas e outras inquietações para as quais gostaria de convidar-vos a debatermos sem mitos, fanatismos e paixões para no minimo darmos o nosso contributo ainda que teórico quero convencer-me de ter os assessores e conselheiros desta gente atentos as opiniões que se vão formando na esfera pública a este respeito. Encerro, por aqui, com várias pulgas e vírus no software.

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

BREVES CHAMADAS PARA A REFLEXÃO

Perdoe me todo o eleitorado e clube nacional e internacional de gente que nutre uma predilecção e paixão pela Dama do Bling, não é desta que vos endereçarecei as minhas chamadas para a Bling, mas para a reflexão sobre a razoabilidade dos critérios da atribuição do distinto Prémio MO IBRAHIM. Embora pareça extemporâneo, quero começar esta singela reflexão felicitando o 1º galardoado por este distinto prémio MO IBRAHIM, o Ex-Presidente da República de Moçambique, Joaquim Alberto Chissano. Em minha opinião foi meritória a sua condecoração na medida em que o protagonismo da individualidade de SExcia está de forma indubitável directamente concatenada ao longínquo e sinuoso processo da construção de uma nação moçambicana democrática e livre de qualquer subjugação politíco- económica e socio-económica. A iniciativa da atribuição desta distinção pelo abastado sudanês da área das telecomunicações é de toda imaculada e de bom agouro se formos optimistas relativamente a questão de que ele poderá estimular as boas práticas governativas e sobretudo, engendrar mecanismos espontâneos, férteis e consentâneos para uma governabilidade alicerçada nos mais nobres valores da democracia, a justiça social, a liberdade, a transparência, a livre iniciativa e alternância do poder. Até aqui é tudo mirabolante! Mais 5 milhões de dólares para o bolso pessoal e familiar...etc. Aliás, para não desinformar e deformar, o clemente, escrupuloso e sensato condecorado já frisou em conferência de imprensa que a premiação será canalizada para os projectos sociais que vem sendo desenvolvidos pela sua magnânima fundação e para outras áreas prioritárias na senda do desenvolvimento social, cultural e económico desta nossa pérola do Índico. Todavia, se luparmos e analisarmos atentamente para o substracto desta intenção, numa perspectiva aparentemente pessimista mas, necessariamente heurística, teremos a fruição de discernir alguns aspectos sombrios e ambíguos que estão no âmago dos critérios que a sua atribuição deveria e deverá apriori considerá-los. Deixem-me realçar que não sou discordante de que foi um mau premiado, apesar de o meu discurso parecer demasiado apocalíptico. O que aspiro fazer é levantar na esfera pública a problematização dos seus moldes e critérios de atribuição com o telos de sensibilzar os seus mentores para o necessário redimensionamento no futuro. A mim me parece, em primeiro lugar, haver a priori, um défice de conhecimento público sobre o que representa esta premiação, a sua concepção e seus objectivos. Portanto, há que trabalhar para reverter este quadro divulgando e massificando-o cada vez mais e esta é responsabilidade de todos nós. Num segundo plano, visualizo uma faceta de certa forma negativa, porquanto, esta premiação pode ocasionar a perpetuação e o alargarmento das assimetrias e estratificação social. Aqui se enquadra o velho e fatal adágio popular, segundo o qual, "a riqueza persegue os ricos e a pobreza por sua vez aos pobres". Ora, estou em crer que este não é o principal desiderato dos seus mentores, não estarão eles interessados em circunscrever a sua iniciativa a um cada vez mais diminuto punhado de gente fomentando deste modo a exclusão social? Compulsando a questão nestes termos desembocamos no nó a que aludi precendentemente, a discussão dos critérios de definição dos elegíveis ao prémio. A concepção dos parâmetros da elegibilidade dos laureados deve estar impregnada dos preceitos e valores da justiça social com tónica para a redistribuição das riquezas, da mesma maneira que partilhamos a perniciosidade dos efeitos de estufa do centro a perferia. Por exemplo, os seus critérios devem considerar e estar abertos a laurear a um bom líder comunitário que no contexto sociocultural e económico circunscrito da sua comunidade tem dado mostras flagrantes de um exercício governativo exemplar, justo, transparente onde todo o povoado se beneficia da sua criação de gado, da colheita das machambas, as trocas comerciais são tão aceitáveis, a mulher detém o poder de influenciar as decisões a favor do desenvolvimento comunitário, as crianças podem ter uma dieta alimentar equilibrada e uma escolarização condigna. Porque não, pensarem em estimular este líder comunitário com este montante da premiação para incrementar o seu contributo em prol da sua comunidade e quiça replicá-la por outras congéneres. Aliás, é esta a abordagem por que se deve trilhar na ordem social, económica e política vigente que se centra no Distrito como Pólo do Desenvolvimento. Hum!!! Quase me exalo de tanto ter dito. Portanto, interrompo por aqui esta breve ladainha convicto de vos ter formulado o convite para reflectimos sobre esta e outras matérias, antecipando os meus sinceros agradecimentos pela vossa compreensão e desculpas pelas incompreensões que vos causar. Calei-me!

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

COMUNICADO DE IMPRENSA

República de Moçambique MINISTÉRIO DA JUVENTUDE E DESPORTOS GABINETE DO MINISTRO COMUNICADO DE IMPRENSA Comemora-se no dia 01 de Novembro de 2007, pela primeira vez no nosso Continente e no País, o 1º aniversário do “Dia Africano da Juventude”, sob o lema “A Parceria entre A Juventude e as Autoridades Públicas”. A adopção desta data, pela Comissão da União Africana, em Junho de 2006, na Cidade de Banjul - Gâmbia, pretende encorajar os Estados Membros a promover e consolidar a participação da juventude, na realização de actividades visando o seu empoderamento, estimular a criatividade, produtividade e maior engajamento nas frentes politica, económica, social e cultural. O Governo de Moçambique exorta a todas as Associações Juvenis, aos jovens e a sociedade civil, para celebrar condignamente esta data, através da realização de diversas actividades de carácter cultural, recreativo, desportivo, promoção de debates sobre a Carta Africana da Juventude, Objectivos do Desenvolvimento do Milénio, reflexão sobre a problemática do HIV/SIDA, malária e outras doenças endémicas, sessões de educação cívica e patriótica, intercâmbios entre jovens rurais e urbanos. A comemoração do dia 1 de Novembro – Dia Africano da Juventude, é uma oportunidade impar para os jovens fortalecerem o diálogo interactivo e estabelecerem parcerias com as autoridades públicas e consolidar o movimento associativo juvenil. Apela-se à participação ordeira, tranquila dos jovens em todas as actividades comemorativas do evento a serem realizadas em todo País. Maputo, Outubro de 2007.

EFEMÉRIDE

Carissímos Jovens Compratiotas!
A Seiva do Moçambique e África do Amanhã! Comemora-se no dia 01 de Novembro de 2007, pela primeira vez no nosso Continente e no País, o 1º aniversário do “Dia Africano da Juventude”, sob o lema “Parcerias entre a Juventude e as Autoridades Públicas”. A adopção desta data, pela Comissão da União Afriacana, em Junho de 2006, na cidade de Banjul - Gâmbia, pretende encorajar os Estados Membros a promover e consolidar a participação da juventude, na realização de actividades visando o seu empoderamento, estimular a criatividade, produtividade e maior engajamento nas frentes politica, económica, social e cultural.
Que esta efeméride sirva para mais uma vez a Juventude Moçambicana reiterar o seu comprometimento e engajamento pelo Desenvolvimento Social, Económico, Cultural e Político de Africa. Sem descurar a imperatividade de concatenar esta celebração à reflexão sobre processo da Integração Regional e aos Desafios e Objectivos de Desenvolvimento do Milénio.
Boas Festividades!
Bem Haja a Juventude Africana!

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

FELICITAÇÃO

Parabéns Clube Desportivo de Maputo! Parabéns Moçambique! Gente! A nossa participação no Campeonato Africano de Basquetebol em Séniores Femininos foi coroada de êxito na medida em que o nosso amável Clube Desportivo de Maputo sagrou-se campeão ao vencer o 1º de Agosto de Luanda por 64-47. Bem hajam as meninas desta nossa pérola que mais vez presentearam-nos com um troféu! Avante!

Convite à interactividade!

Carissímos! Aqui está mais um mecanismo intercomunicativo de questionamento e conversação onde podem ser colocadas e levantadas as demais questões pontuais e prementes da esfera pública diária com que se deparam os pluriculturais agrupamentos humanos e sociais para melhor lograrmos fazer o necessário diagnóstico-leitura-discussão e, por fim, apelarmos ao discernimento e sensibilidade dos seus intervenientes, agentes e actores directos e indirectos para o meticuloso e profícuo tratamento e abordagem dos devidos comportamentos e fenómenos sociais. Estão desde já intimados todos os observadores, leitores, pesquisadores e analistas sociais engajados na constituição incessante e inquisitiva dos factos tendo como telos nevrálgico apresentar a radiografia social mais actualizada e cada vez mais equivalente e aproximada dos fenómenos, condutas e actos aludidos.