quinta-feira, 1 de novembro de 2007

BREVES CHAMADAS PARA A REFLEXÃO

Perdoe me todo o eleitorado e clube nacional e internacional de gente que nutre uma predilecção e paixão pela Dama do Bling, não é desta que vos endereçarecei as minhas chamadas para a Bling, mas para a reflexão sobre a razoabilidade dos critérios da atribuição do distinto Prémio MO IBRAHIM. Embora pareça extemporâneo, quero começar esta singela reflexão felicitando o 1º galardoado por este distinto prémio MO IBRAHIM, o Ex-Presidente da República de Moçambique, Joaquim Alberto Chissano. Em minha opinião foi meritória a sua condecoração na medida em que o protagonismo da individualidade de SExcia está de forma indubitável directamente concatenada ao longínquo e sinuoso processo da construção de uma nação moçambicana democrática e livre de qualquer subjugação politíco- económica e socio-económica. A iniciativa da atribuição desta distinção pelo abastado sudanês da área das telecomunicações é de toda imaculada e de bom agouro se formos optimistas relativamente a questão de que ele poderá estimular as boas práticas governativas e sobretudo, engendrar mecanismos espontâneos, férteis e consentâneos para uma governabilidade alicerçada nos mais nobres valores da democracia, a justiça social, a liberdade, a transparência, a livre iniciativa e alternância do poder. Até aqui é tudo mirabolante! Mais 5 milhões de dólares para o bolso pessoal e familiar...etc. Aliás, para não desinformar e deformar, o clemente, escrupuloso e sensato condecorado já frisou em conferência de imprensa que a premiação será canalizada para os projectos sociais que vem sendo desenvolvidos pela sua magnânima fundação e para outras áreas prioritárias na senda do desenvolvimento social, cultural e económico desta nossa pérola do Índico. Todavia, se luparmos e analisarmos atentamente para o substracto desta intenção, numa perspectiva aparentemente pessimista mas, necessariamente heurística, teremos a fruição de discernir alguns aspectos sombrios e ambíguos que estão no âmago dos critérios que a sua atribuição deveria e deverá apriori considerá-los. Deixem-me realçar que não sou discordante de que foi um mau premiado, apesar de o meu discurso parecer demasiado apocalíptico. O que aspiro fazer é levantar na esfera pública a problematização dos seus moldes e critérios de atribuição com o telos de sensibilzar os seus mentores para o necessário redimensionamento no futuro. A mim me parece, em primeiro lugar, haver a priori, um défice de conhecimento público sobre o que representa esta premiação, a sua concepção e seus objectivos. Portanto, há que trabalhar para reverter este quadro divulgando e massificando-o cada vez mais e esta é responsabilidade de todos nós. Num segundo plano, visualizo uma faceta de certa forma negativa, porquanto, esta premiação pode ocasionar a perpetuação e o alargarmento das assimetrias e estratificação social. Aqui se enquadra o velho e fatal adágio popular, segundo o qual, "a riqueza persegue os ricos e a pobreza por sua vez aos pobres". Ora, estou em crer que este não é o principal desiderato dos seus mentores, não estarão eles interessados em circunscrever a sua iniciativa a um cada vez mais diminuto punhado de gente fomentando deste modo a exclusão social? Compulsando a questão nestes termos desembocamos no nó a que aludi precendentemente, a discussão dos critérios de definição dos elegíveis ao prémio. A concepção dos parâmetros da elegibilidade dos laureados deve estar impregnada dos preceitos e valores da justiça social com tónica para a redistribuição das riquezas, da mesma maneira que partilhamos a perniciosidade dos efeitos de estufa do centro a perferia. Por exemplo, os seus critérios devem considerar e estar abertos a laurear a um bom líder comunitário que no contexto sociocultural e económico circunscrito da sua comunidade tem dado mostras flagrantes de um exercício governativo exemplar, justo, transparente onde todo o povoado se beneficia da sua criação de gado, da colheita das machambas, as trocas comerciais são tão aceitáveis, a mulher detém o poder de influenciar as decisões a favor do desenvolvimento comunitário, as crianças podem ter uma dieta alimentar equilibrada e uma escolarização condigna. Porque não, pensarem em estimular este líder comunitário com este montante da premiação para incrementar o seu contributo em prol da sua comunidade e quiça replicá-la por outras congéneres. Aliás, é esta a abordagem por que se deve trilhar na ordem social, económica e política vigente que se centra no Distrito como Pólo do Desenvolvimento. Hum!!! Quase me exalo de tanto ter dito. Portanto, interrompo por aqui esta breve ladainha convicto de vos ter formulado o convite para reflectimos sobre esta e outras matérias, antecipando os meus sinceros agradecimentos pela vossa compreensão e desculpas pelas incompreensões que vos causar. Calei-me!

Sem comentários: