segunda-feira, 17 de março de 2008

ESTILOS DE VIDA E A OCUPAÇÃO DOS TEMPOS LIVRES DOS JOVENS

Para a melhor percepção das principais variáveis do tema em epígrafe, é primordial introduzir-vos a definição e articulação interna de e entre os seus conceitos centrais, donde se realçam os de: Jovem, Estilos de Vida e Ocupação dos Tempos Livres. De acordo com a EDIJ[1], entenda-se por Jovem a todo o indivíduo moçambicano do grupo etário dos 15 aos 35 anos de idade. Este conceito está intrinsecamente ligado às condições objectivas do ambiente e do contexto histórico, sociopolítico e económico do país; Por Estilos de Vida, entenda-se a toda a amálgama de valores que se traduzem nas diferentes maneiras de agir, pensar, fazer, estar e ser decorrentes de condicionamentos socioculturais e económicos e; A Ocupação dos Tempos Livres, no caso vertente, deve ser visualizada como sendo as diferentes formas e mecanismos que os jovens empregam para preencherem activa e proactivamente, ou no sentido contrário, os momentos em que não desenvolvem as suas principais ocupações formais quer sejam de âmbito profissional, formativo e etc. Decorrente da articulação interna e lógica entre as anteriores asserções, subjaz a tese condutora desta reflexão, segundo a qual, o estilo de vida de cada jovem é o factor determinante e decisivo para a escolha e opção dos hábitos e actividades que o devem ocupar nos tempos livres. Embora os mecanismos de ocupação dos tempos livres dos jovens denotem apresentar uma lógica multifacetada e complexa de comportamentos, estes não estão imunes e desinteressados dos seus contextos socioculturais específicos. Pois, apontam sempre para o facto de sofrerem um forte condicionamento dos estilos de vida a que cada jovem está socioculturalmente moldado e conformado. O que move e dá racionalidade e plausibilidade a preocupação e indagação relativas as razões de ser das formas e mecanismos de ocupação dos tempos livres dos jovens com enfoque nos valores socioculturais que os imbuem e enformam. O esclarecimento hermenêutico do impacto dos estilos de vida para a ocupação dos tempos livres dos jovens é uma premissa sine qua non para a melhor compreensão sobre como estimular e promover as boas práticas, os hábitos de vida saudáveis e construtivos na camada juvenil, na perspectiva de se fazer o seu necessário e correcto acompanhamento, sabido que a juventude constituí indubitavelmente a força motriz do desenvolvimento social e, portanto, alicerce das sociedades porvindouras. A leitura e análise da tipologia e lógica de relação que se estabelece entre os estilos de vida e a ocupação dos tempos livres dos jovens permite, por um lado, fazer o diagnóstico dos tipos de ocupações, hábitos, actividades, costumes praticados e desenvolvidos pelos jovens na sua sociabilidade e, por via disso, se aferir de que maneira tais modus vivendi condicionam o seu desenvolvimento psicossocial. Por outro, uma vez diagnosticadas e inventariadas as formas de ocupação dos tempos livres dos jovens, torna-se factível a sua reorientação e acompanhamento no sentido de perseguirem uma filosofia e modelo de vida que se paute pela promoção e desenvolvimento de hábitos de vida saudáveis e sustentáveis. O conhecimento da lógica que norteia a ocupação dos tempos livres dos jovens deve ser um desiderato que resulte de uma abordagem sinérgica e sistémica entre todas as entidades governamentais e não, com ênfase, respectivamente, para o ministério de tutela, sociedade civil e associações juvenis, que na sua primeira linha de orientação de trabalho se debatem titanicamente pelo repto do desenvolvimento harmonioso da personalidade dos jovens. Nesta esteira, a Estratégia de Desenvolvimento Integral da Juventude concebida e em implementação pelo ministério tutelar, apregoa num dos seus eixos temáticos centrais, a promoção da realização de estudos com o intuito de avaliar a situação da Juventude no país para a melhor caracterização dos problemas dos jovens. Movidos por esta assumpção e cometimento, os pelouros governativos da Juventude, Saúde, Educação e Cultura, Ciência e Tecnologia, a Sociedade Civil e as Agremiações Juvenis poderão desenvolver, por exemplo, numa plataforma intersectorial e visão multidisciplinar um trabalho investigativo visando fazer o diagnóstico e a promoção de hábitos de vida saudáveis; Nesta senda, são focalizáveis tópicos fulcrais como: a sexualidade, educação sexual, a nutrição equilibrada, a prática do desporto, actividades lúdicas, culturais, recreativas, turísticas e de lazer, as tecnologias de informação e comunicação o exercício físico regular, o combate ao alcoolismo, tabagismo, droga e outras toxicodependências, prostituição e etc. Enfim, todos estes pressupostos e premissas advogam e argumentam a pertinência e imperatividade do estudo da ocupação dos tempos livres dos jovens com vista a concepção de estratégias e políticas comprometidas com o Desenvolvimento Integral e Harmonioso da Juventude. Com efeito, as inquietações e perguntas paradigmáticas arroláveis para a operacionalizacão desta indagacão seriam, por exemplo: Demonstrar quão quantitativa e qualitativamente os estilos de vida são preponderantes e determinantes para a forma como os jovens ocupam os seus tempos livres; Discriminar e analisar o tipo de relação que se estabelece entre os estilos de vida e a ocupação dos tempos livres dos jovens; Identificar os mecanismos costumeiros e recorrentes de ocupação dos tempos livres adoptados pelos jovens na sua quotidianidade e etc. A percepção lógica e causal do impacto dos estilos de vida fundamentada na forma como é orientada a ocupação dos tempos livres dos jovens é um exercício que deve ter eficazmente presente o contexto sociocultural e espácio-temporal em que é constatável determinada forma de ocupação do tempo livre de dado agrupamento social representativo. Quer na sociedade primitiva quer na moderna, os comportamentos dos actores sociais não se apresentam como caóticos nem essencialmente do acaso, mas seguramente, espelham e reflectem o mosaico de valores socioculturais sui generis por si apropriados através dos agentes de socialização. Até na situação mais diminuta da acção individual que persegue interesses próprios e singulares, está sempre imanente no seu âmago a consciência colectiva e a exterioridade, na medida em que, o actor social orienta a sua acção tendo como sustentáculo as significações e valores sociais que a mesma comporta e com base nesta premissa sabe identificar e destrinçar o socialmente aceitável do não aceitável conseguindo deste modo a sua conformidade social. Portanto, a percepção da ocupação dos tempos livres dos jovens centrada na leitura axiológica dos estilos de vida dos mesmos, apesar de ser sempre prismática, é categoricamente um ângulo de abordagem nevrálgico para a concepção de uma verdadeira Estratégia de Desenvolvimento Integral da Juventude, que vise, acima de tudo, a consecução de um desenvolvimento sã e harmonioso da personalidade do jovem. O móbil deste posicionamento assenta na questão de que jovem do amanhã deve estar preparado para o desafio da vida sabendo orientar e encaminhar a sua vida numa visão prospectiva e holística buscando a racionalização e optimização das suas oportunidades do presente. Neste desafio, todas as forças, vectores sociais e agentes de socialização são responsáveis pelo processo da inculcação e transmissão de valores socialmente conformados visando a educação formal e informal do verdadeiro Homem do amanhã.
[1] Estratégia de Desenvolvimento Integral da Juventude, documento aprovado pelo Conselho de Ministros através da resolução nº4/96 de 20 de Março de 2007.

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